Por Mauro Roberto Schlüter - IPELOG
Já vai longe o tempo da “estagflação” na década de 80 e pasmaceira sem perspectiva de crescimento sustentado da década de 90, em que o nosso horizonte de crescimento permanecia estável e sem modificações.
Estamos vivendo uma época de ouro e quem diria, o Brasil é a bola da vez no que diz respeito a investimentos em ativos do mercado financeiro e empresarial. Fizemos a lição de casa no tocante a estabilidade financeira apesar do estado continuar a gastar cada vez mais nas suas despesas de funcionamento.
Seria ótimo aproveitar este período de crescimento, não fosse um detalhe preocupante: o nosso sistema logístico não está preparado para tal.
Qualquer leitor mais atento pode constatar os vários sinais que indicam tempos difíceis para os profissionais de logística. O crescimento da safra vai exigir uma quantidade maior de veículos para garantir o seu escoamento até os portos.
O aquecimento da demanda de consumo final promete movimentar todas as cadeias produtivas do país e as importações nunca foram tão elevadas quanto são hoje em dia. Para completar, teremos a copa em 2014 e olimpíadas em 2016.
O cenário é auspicioso para todos, mas infelizmente teremos uma grande dificuldade para absorver este impacto positivo por escassez e até falta de recursos logísticos adequados.
O lançamento do PAC 2 é mera pantomima eleitoral, uma vez que boa parte do PAC 1 sequer está evoluindo dentro do cronograma previsto. Considerando que a construção de obras de infraestrutura de transportes demanda tempo elevado (da concepção até a efetiva entrega), é de se esperar que quando forem entregues aos usuários já estarão com sua capacidade de oferta tomada, pois foram planejadas em épocas de crescimento pífio e não de crescimento acelerado como ocorre atualmente.
Mas não é apenas a decantada falta de infraestrutura que aponta anos difíceis para os profissionais de logística.
As peculiaridades intrínsecas ao modal rodoviário o colocam na posição de substituto de todos os demais meios de transporte disponíveis. Em situações contingenciais é ele que assume a tarefa de transportar aquilo que os outros modais não conseguem.
A falta de motoristas vai complicar a situação de quem já utiliza o modal rodoviário e muito mais de quem pretende utiliza-lo como alternativa. Em vista disso, o setor já trabalha com a possibilidade de realinhamento tarifário, portanto teremos aumento nos custos logísticos.
Para piorar ainda mais este cenário, foi noticiado que a Vale do Rio Doce reajustou o preço do minério de ferro em média 90%. O minério de ferro é a matéria prima principal da cadeia logística, utilizada para produzir trilhos, guindastes, caminhões, containeres, navios, locomotivas, etc. e vai causar elevação nos custos logísticos.
Um horizonte sombrio se aproxima e vai exigir ao extremo a capacidade e talento dos profissionais de logística para transpor objeções.
Será muito difícil manter os custos e o nível de serviço (os objetivos da logística). Até hoje nunca tinha visto um conjunto tão amplo de pré-condições negativas para a logística deste país. Prepare-se.
Fontes: www.ipelog.com e www.intelog.net
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário