sábado, 4 de setembro de 2010

Investimento cresce, mas perde força

Por Alexandre Rodrigues, Fernando Dantas RIO-O Estado de S.Paulo

Expansão de 26,5% no 2º trimestre, ante mesmo período de 2009, é a maior da série, mas em relação ao trimestre anterior foi de apenas 2,4%.

A expansão de 26,5% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que retrata os investimentos na economia, no segundo trimestre deste ano, a maior da série histórica iniciada em 2006 na comparação com igual período do ano anterior, não escondeu a desaceleração do indicador, que vinha crescendo em ritmo chinês desde o terceiro trimestre do ano passado.

Boa parte da explicação da taxa recorde vem da baixa base de comparação, já que, no segundo trimestre do ano passado, o indicador também havia registrado um recorde, mas de queda: recuou 16% diante do cancelamento de projetos provocado pela crise mundial. Em relação aos três primeiros meses do ano, os investimentos cresceram 2,4% entre abril e junho, bem abaixo dos 7,4% do primeiro trimestre na comparação com os últimos três meses de 2009.

Mesmo assim, os investimentos mantiveram ritmo de expansão acima da evolução do PIB pelo quinto trimestre consecutivo. "Já estamos no patamar de investimento superior ao que tínhamos registrado antes da crise, no terceiro trimestre de 2008", assinalou a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Segundo ela, o nível dos investimentos na série sazonal estava em 166,9 pontos no segundo trimestre, já distante do 162,6 do terceiro de 2008, pico anterior. Entre janeiro e março deste ano, já estava em 163,1, apenas ligeiramente acima do pico. O ponto mais baixo foi o primeiro trimestre de 2009, 129,2.

Apesar disso, o investimento como proporção do PIB ficou em 17,9%, perto dos 18% do último trimestre. Mesmo com os esforços do governo para desencadear projetos públicos e privados, como a elevação do crédito de longo prazo por meio do reforço de R$ 180 bilhões do caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a taxa de investimento ainda é considerada baixa para uma perspectiva de crescimento do PIB acima de 7%.

O forte crescimento da construção civil contribuiu para o crescimento do investimento (dos quais ela é componente) no segundo trimestre, na comparação com igual período de 2009, mas Rebeca notou que a produção nacional e a importação de máquinas e equipamentos, o outro componente do indicador, cresceram ainda mais. Entre os setores da indústria de transformação que mais se destacaram no PIB estão metalurgia, veículos, material eletrônico e equipamentos de informática, que têm relação com os investimentos.

Para o economista Marcelo Nascimento, da Área de Pesquisa Econômica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é justamente essa composição do investimento em favor dos bens de capital que dá mais segurança para o crescimento da economia sem pressões de oferta.

"Houve uma desaceleração do investimento, o que era esperado depois de três semestres seguidos crescendo acima de 7%, com taxas anualizadas de 35%, dignas dos ciclos áureos chineses. O resultado de 2,4% neste trimestre está longe de ser ruim. Já esperávamos uma acomodação, mas o importante é que o investimento segue crescendo à frente do consumo", avaliou.

O BNDES espera para o próximo semestre efeito maior dos investimentos na oferta com a maturação de projetos, já que o período entre o outubro de 2009 e março deste ano foi o de maior desembolso do banco para ampliação de produção produtiva. O banco espera um crescimento do PIB de 5,5% a 6% em 2010, mas admite que a expansão pode ultrapassar 7%. Já para a taxa de investimento, o banco projeta entre 18,7% e 18,8% do PIB no final de 2010, ligeiramente abaixo das previsões anteriores.

Fontes: OESP; www.intelog.net

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