domingo, 26 de setembro de 2010

Estudo aponta escassez de navios em 2012

Por Grupo Intermodal - Guia Marítimo

De acordo com análise da Macquarie Equities Research, poderá haver uma escassez de porta-contêineres em 2012, em virtude do baixo índice egistrado na carteira de encomendas para novas embarcações - o mais baixo em 10 anos.

Em seu último relatório sobre o setor maritimo, a Macquarie apurou que a atual carteira de encomendas produziria um incremento de 10% no tamanho da frota global para o próximo ano, mas que o número seria reduzido para 6% em 2012.

"Com base em nossa perspectiva de que os volumes alcançariam um crescimento mínimo de 8% ao ano, estamos encarando uma potencial escassez de capacidade em 2012", declaram os autores do estudo, acrescentando que o nível atual da carteira de encomendas estaria se equiparando ao observado em 2003, antes do último boom nos lucros para porta-contêineres.

Por sua vez, a Alphaliner estima que cerca de 6,7% da carteira de encomendas foi cancelada desde o início da crise financeira em outubro de 2008, levando em conta o sucateamento de embarcações, que também contribuiu para a diminuição da capacidade global.

Em 2009, apenas dois novos pedidos para porta-contêineres foram efetuados. Neste ano, as 55 unidades encomendadas equivalem a apenas 2,2% da frota existente.

Há um ano, muitos na indústria comentariam que levaria tempo - no mínimo, até 2015 - para que o equilíbrio entre suprimento e a demanda fosse reestabelecido. Porém, na primeira metade deste ano, o incremento nas movimentações em diversas rotas, especialmente intra-Ásia e Ásia-Europa, permitiu que as companhias voltassem a lucrar mais cedo do que o esperado, auxiliadas pela implementação do slow steaming.

De acordo com a Macquarie, os lucros operacionais coletivos de 20 das 30 maiores operadoras de contêineres relativos ao período do primeiro semestre de 2010 totalizaram US$ 3,8 bilhões, em comparação aos US$ 6,9 bilhões obtidos em 2009.

"Acreditamos que, se houver algum sinal de suavização na demanda maior do que o esperado, a indústria responderá com um nível extra de slow steaming", conclui a análise, fazendo referência à estratégia de redução de velocidades para embarcações marítimas.

Fonte: www.intelog.net

domingo, 12 de setembro de 2010

O TAV e o incentivo ao desenvolvimento regional

Por Valor Econômico - SP - Maurício Lemos **

A oportunidade da concessão do Trem de Alta Velocidade (TAV) pode ser analisada em pelo menos quatro aspectos. Um primeiro refere-se à competitividade desse serviço de transporte em qualidade e preço em relação a outras alternativas, notadamente a ponte aérea entre Rio e São Paulo. Um segundo refere-se ao balanço ambiental do projeto que considere tanto a sua implantação quanto a sua operação. Cada um desses tópicos mereceria uma abordagem detalhada e específica.

Para simplificar, partiremos do princípio de que o TAV apresentaria boa competitividade em preço e qualidade em relação ao seu concorrente mais próximo. E que sua pegada de carbono seria também mais vantajosa em relação ao transporte aéreo e ao transporte terrestre automotivo. O foco deste artigo é o custo-benefício de construção do TAV.

Mas um terceiro aspecto também importante refere-se ao custo fiscal do projeto. Neste caso, teremos um custo fiscal direto, determinado pelo valor das desapropriações (entre R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões seriam da responsabilidade direta do governo federal); e um custo indireto, determinado pelo financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), limitado a 60% (R$ 19,9 bilhões) do valor do projeto, o qual poderá ter uma equalização do Tesouro Nacional de no máximo R$ 5 bilhões, se a receita bruta do TAV, do primeiro ao 10º ano da operação do trem, for inferior àquela projetada nos estudos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Sobre a eventual equalização do Tesouro, há controvérsias se o financiamento do BNDES - tendo como custo básico a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), referência para o financiamento de todos os setores industriais, comerciais e de serviços, incluídas as concessões, inclusive as rodoviárias estaduais, implicaria custo fiscal. Estudos recentes do Tesouro Nacional e do BNDES indicam um custo fiscal zero ou, até mesmo, um superávit fiscal, quando se contabilizam todos os retornos diretos e indiretos produzidos e induzidos a partir dos financiamentos do Banco ao custo de TJLP.

Portanto, de maneira conservadora, é razoável supor que o mesmo resultado fiscal deverá ser obtido com a aplicação de recursos de financiamentos em TJLP no TAV. É bastante provável supor que o subsídio à construção do trem de alta velocidade seja de, no máximo, R$ 9 bilhões, representando pouco mais de 25% do valor do projeto.

Tal valor pode ser considerado baixo ou alto dependendo do custo de oportunidade de outros investimentos, bem como do custo-benefício do projeto em si mesmo. Se o custo de oportunidade for considerado em relação ao de outros sistemas de transportes, a exemplo do metrô, a comparação é altamente vantajosa para o TAV, uma vez que o metrô não consegue remunerar, nem pagar o investimento. O metrô tem de ser ressarcido integralmente pelos tesouros estaduais (ou federal, conforme o caso). Portanto, a comparação deve ser feita entre a parcela subsidiada do TAV e todo o investimento no metrô.

O subsídio de R$ 9 bilhões não é suficiente sequer para construir 9 quilômetros de linhas de metrô no Rio de Janeiro ou em São Paulo, ou seja, a equalização (frise-se, sem custo fiscal) é um "pingo d ' água no oceano" de necessidades destas duas metrópoles.

A equação do custo de oportunidade fica ainda mais favorável ao TAV quando se considera o quarto e principal aspecto do benefício do empreendimento: além da redução do tempo de viagem, da retirada de veículos das estradas e consequente diminuição de congestionamentos e poluição, da segurança para passageiros, ou seja, da melhoria de todo o sistema de transporte, o trem de alta velocidade irá facilitar o deslocamento de executivos, consultores e mão de obra qualificada. Tudo isso vai viabilizar o surgimento de novas "localizações corporativas", fora da região metropolitana de São Paulo, que é, no momento, a principal metrópole nacional.

Como é por demais reconhecido, a região metropolitana de São Paulo encontra-se com custos, "deseconomias", de aglomeração crescentes (degradação ambiental, aluguéis dispendiosos, congestionamentos de trânsito, violência etc.), o que enseja duas estratégias alternativas e que podem vir a ser complementares.

A primeira é um esforço de microlocalização metropolitana, o que vem sendo tentado há várias décadas, por meio da triplicação de rodovias em direção ao interior do Estado de São Paulo - estratégia que, tudo indica, atingiu o seu limite em termos de eficácia. A outra seria apostar numa segunda metrópole com aptidão nacional e que fosse relativamente próxima de São Paulo.

A proposta do TAV torna exequível as duas alternativas, na medida em que abre espaço para um novo padrão de desconcentração-concentrada microlocacional em Campinas e São José dos Campos, por um lado, e passa a viabilizar a volta do Rio de Janeiro ao cenário nacional, capacitando-o como metrópole nacional alternativa - e complementar - a São Paulo.

O Rio de Janeiro dificilmente seria um espaço concorrente, mas sim, provavelmente, complementar a São Paulo. Em termos de polo de localização corporativa, o Rio de Janeiro estaria acima de Campinas e de São José dos Campos, mas, certamente, um degrau abaixo da maior metrópole brasileira. O TAV ajudaria o coração econômico do Brasil - a região metropolitana de São Paulo - a ter suas artérias desobstruídas, propiciando maior crescimento e um desenvolvimento regional mais equilibrado da economia brasileira. O Rio de Janeiro, São Paulo e o Brasil ganham com o TAV.

**Maurício Lemos, economista e diretor do BNDES

Fontes: www.valoronline.com.br e www.intelog.net

sábado, 4 de setembro de 2010

Investimento cresce, mas perde força

Por Alexandre Rodrigues, Fernando Dantas RIO-O Estado de S.Paulo

Expansão de 26,5% no 2º trimestre, ante mesmo período de 2009, é a maior da série, mas em relação ao trimestre anterior foi de apenas 2,4%.

A expansão de 26,5% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que retrata os investimentos na economia, no segundo trimestre deste ano, a maior da série histórica iniciada em 2006 na comparação com igual período do ano anterior, não escondeu a desaceleração do indicador, que vinha crescendo em ritmo chinês desde o terceiro trimestre do ano passado.

Boa parte da explicação da taxa recorde vem da baixa base de comparação, já que, no segundo trimestre do ano passado, o indicador também havia registrado um recorde, mas de queda: recuou 16% diante do cancelamento de projetos provocado pela crise mundial. Em relação aos três primeiros meses do ano, os investimentos cresceram 2,4% entre abril e junho, bem abaixo dos 7,4% do primeiro trimestre na comparação com os últimos três meses de 2009.

Mesmo assim, os investimentos mantiveram ritmo de expansão acima da evolução do PIB pelo quinto trimestre consecutivo. "Já estamos no patamar de investimento superior ao que tínhamos registrado antes da crise, no terceiro trimestre de 2008", assinalou a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Segundo ela, o nível dos investimentos na série sazonal estava em 166,9 pontos no segundo trimestre, já distante do 162,6 do terceiro de 2008, pico anterior. Entre janeiro e março deste ano, já estava em 163,1, apenas ligeiramente acima do pico. O ponto mais baixo foi o primeiro trimestre de 2009, 129,2.

Apesar disso, o investimento como proporção do PIB ficou em 17,9%, perto dos 18% do último trimestre. Mesmo com os esforços do governo para desencadear projetos públicos e privados, como a elevação do crédito de longo prazo por meio do reforço de R$ 180 bilhões do caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a taxa de investimento ainda é considerada baixa para uma perspectiva de crescimento do PIB acima de 7%.

O forte crescimento da construção civil contribuiu para o crescimento do investimento (dos quais ela é componente) no segundo trimestre, na comparação com igual período de 2009, mas Rebeca notou que a produção nacional e a importação de máquinas e equipamentos, o outro componente do indicador, cresceram ainda mais. Entre os setores da indústria de transformação que mais se destacaram no PIB estão metalurgia, veículos, material eletrônico e equipamentos de informática, que têm relação com os investimentos.

Para o economista Marcelo Nascimento, da Área de Pesquisa Econômica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é justamente essa composição do investimento em favor dos bens de capital que dá mais segurança para o crescimento da economia sem pressões de oferta.

"Houve uma desaceleração do investimento, o que era esperado depois de três semestres seguidos crescendo acima de 7%, com taxas anualizadas de 35%, dignas dos ciclos áureos chineses. O resultado de 2,4% neste trimestre está longe de ser ruim. Já esperávamos uma acomodação, mas o importante é que o investimento segue crescendo à frente do consumo", avaliou.

O BNDES espera para o próximo semestre efeito maior dos investimentos na oferta com a maturação de projetos, já que o período entre o outubro de 2009 e março deste ano foi o de maior desembolso do banco para ampliação de produção produtiva. O banco espera um crescimento do PIB de 5,5% a 6% em 2010, mas admite que a expansão pode ultrapassar 7%. Já para a taxa de investimento, o banco projeta entre 18,7% e 18,8% do PIB no final de 2010, ligeiramente abaixo das previsões anteriores.

Fontes: OESP; www.intelog.net